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Um palco sem cena

A pior miséria do ser humano é vir ao mundo e não saber para que veio e viver como os cães, farejando as latas de lixo e se alimentando de restos, vivendo nas sombras como os roedores em busca de grãos na calada da noite. É triste a sina por não saberem, que como criação produzem a consciência, que por sua vez tem o poder de transpor de planos, voar em infinita sabedoria, tendo a capacidade de sair do estado de inferno para o estado de paz eterna, sentindo um êxtase de paz infinita. Mas o pior de tudo é ver o tolo desprezando o próprio espírito que lhe dá a vida por ser soberbo demais para ouvir a voz da própria razão, que clama alto dentro de si, é irônico querer ensinar o outro se nem enxerga o obvio diante de seus olhos, pois a venda da prepotência o faz tropeçar na própria cegueira, por viver em um breu obscuro alimentando-se do próprio engano que empobrece a sua alma medonha.

É uma pena, uma triste cena, um vazio sem volta e não há quem não sinta pena, com um Pai tão rico, a riqueza eficaz da vida e as consciências se alimentando das bolotas que as deixam num vazio infindo jamais preenchido no dia do juízo. Uma cortina fechada, um palco sem cena, cujo o eco ensurdece, sem aplausos, sem um espaço, só restará um encalço, um rastro de lembrança de uma passagem efêmera tão breve, como um relâmpago, uma viagem sem bagagem, sem laço, sem prenda, agora sozinha e descalço no infinito do nada, um silêncio sombrio, uma doença sem cura, um ranger de dentes, um câncer sem cura, um gotejar de sangue em um ventre apodrecido, sozinho por desprezar a vida que um dia soprou as narinas. Nas mãos tinha a saída, a fuga, o êxodo, nas costas asas de anjos, a liberdade plena, a calmaria serena, agora uma célula morta sem corpo, sem vida, sem rumo, um dano irreversível, uma lesão sem cura, um trauma interior nunca cessado, a perda da função que não serviu o senhor quando o tinha nas mãos.

Por Milena Gomes