O que mata não é o que entra pela boca e sim o que sai por ela, pois a boca fala do que está cheio o coração, mas as palavras malditas são como veneno de serpente que paralisa o coração e o mesmo vai ficando sem reação, a cegueira e a surdez ficam evidentes, pois nada se ouve e nada vê. O veneno da alma é a substância que perturba e destrói as funções vitais de toda consciência que é ligada ao animal rastejante, pois as suas características é de bicho traiçoeiro que a tudo que toca corrompe e causa prejuízo moral, pois nenhuma consciência que anda segundo os desejos carnais é sã, mas vive como as prostitutas mendigando algumas horas de prazer se embebedando do veneno da alma cujo as enlouquecem de maneira que para suportar esta vida mesquinha se mantém alucinadas, pois na sua lucidez não existe luminância, a sua alma destroçada não emite brilho ou claridade, o breu que lhe atormenta à manter em cárcere mental numa caverna chamada solidão.
A sua sensatez desequilibrou-se e caiu na primeira esquina, as cordas vocais emudeceram-se, não emite som vivo, apenas o eco do desespero que a tragou no meio da escuridão, a ausência de desejo pela vida esfriou o seu coração desfalecido, faltou-lhe o ar e ofegante rasteja nos becos e esquinas, a parada cardíaca lhe causa vômitos e náuseas, não tem forças para absorver o remédio da cura, nada segura o estômago da alma, os arrepios são constantes, a sensação é de morte, no fundo sente que os seus dias estão contados, pois a ampulheta da vida determina o seu cessar, o suor excessivo não a deixa descansar, o medo lhe traz calafrios que a leva aos delírios, a intoxicação traz o pânico e o desespero, estes são os sintomas de uma alma envenenada pelos desejos desprezíveis desta carne infame, que alucina e corrói as consciências como pragas na lavoura que corroem todos os frutos até que não reste mais nada para o proveito, as tornando vis, ocas, caídas ao chão, sem a vida do Espírito que vivifica.
Por Milena Gomes
Tema sugerido por Jeane