Os mesmos sorrisos, as mesmas tristezas, as mesmas angústias, mais um dia, menos um, as mesmas histórias e fúrias, o tempo não para, mas as pessoas sim, paralisam em contos e se deixam, se esquecem, até se lembrarem e buscarem outro canto, mas de uma forma tão igual que nada muda, e mais um ciclo começa, mais um e mais um, até os anos abraçarem sua pele enrugada e lhe tirar o fôlego. A vida não tem segredos, mas as pessoas sim, se escodem de si mesmas e de outros olhos, se perdem em si mesmas e nos opróbrios, se desmontam e não se refazem, se soltam no meio do caminho e não se firmam mais. Neste ritmo sem fim encontram-se com o fim, em um momento inesperado, onde só queriam começar mais um círculo vicioso, mas são obrigados a parar, pois uma hora tudo volta ao seu lugar, e seus planos e sonhos precisam cessar. Correnteza oca, muito caos e pouco conteúdo, transpassa em rastros vazios pela boca, e se aloja em um coração mudo, dia a dia, seus rastros contam os traumas, absorve o mal da relva e seu campo assolado. Não há para onde correr, pois um dia esse céu ruirá, mas sua alma não, se perpetuará momento a momento, e não mais será, mas estará, em alguma lembrança, em algum tempo, mas muito, muito longe do alento. Quando perceberão que o fim desta trilha é o despenhadeiro? Mesmo belo é fatal, liberdade é pular com seus medos e encontrar asas oferecidas pelo herdeiro, pelo filho verdadeiro, que lhe acompanha e lhe cuida, vê suas dores e não compreende, como tendo a imensidão em mãos, guarda apenas a agonia. No fundo todos sabem que quando o pó cair, o mundo continuará em pé e os céus continuarão em festa, mas a alma daqueles que tomaram o cálice da morte, não.
Por Luiza Campos