No início um broto cantava a vida, trazia consigo alegria, transcendendo a esperança de conquistar a eternidade com valor inestimável, onde o espelhar a vida seria sua natureza. E assim fora crescendo, seu caule fortalecendo com a garoa serôdia que refrescava suas folhas. Uma flor que se abria à vida, de forma inconsciente onde a vida presente era o presente que lhe seria. Abriu-se ao sol, abriu-se aos pássaros, pólen de girassol que com tempo definhou-se em fracasso, porque abriu-se também aos medos enfraquecendo seu peito, deixou que a força do vento desfalecesse seu centro desfalcando sua raiz deixando-a assim por um triz eternamente infeliz. O que dantes era campo de frutificar vidas passou a ser campo que brota medo. Inseguranças que o asseguram por onde quer que vá. Fechou-se ao sol, fechou-se aos pássaros, secou seu pólen murchou seus passos.
Para onde fora sua alegria naqueles dias onde se ouvia os cânticos dos passarinhos? Porque seus tímpanos se fecharam para os sons dos riachos? A esperança era a raspa do tacho para que viesse o renovo das cinzas. Campos que brotam medos, frutificam seus receios, não deixe que o seu ledo seja o medo, mas que os veios da tua alma lhe tragam a coragem pelo tempo, que não se demore porque um dia ele acaba e não haverá mais tempo para que seu campo brote a vida.
Por Patrícia Campos