Transbordam por meus olhos, alcançam meu coração, habitam nas sombras, nos vales da escuridão, passeia por minhas entranhas, aloja-se em meu interno, lembranças de um tempo doído, mas preciso, passar pelas águas sombrias para renascer como passarinho. Vivo, viver pelos tempos nublados, dizem que o arco-íris nasce pela manhã, depois da tempestade, depois das dores, depois das decepções, eu aguardo, aguardo suas cores, pelas promessas feitas antes mesmo de eu entender o que sou, quem sou, de onde vim, para onde vou, eternizada em Noé, que passou pelas mesmas águas do apocalipse, destruiu sua terra, mas construiu uma nova história. Às vezes, sinto que vejo muito o passado, e esqueço que nele não habito mais, as correntes tilintam como uma lembrança, mas não estão mais em meus pés, na verdade onde acorrentei-me ninguém alcança, por isso encontro-me nesta jornada, em busca de mim, de minha esperança.
Nas asas eternas espero encontrar afago, depois de passar por essas águas turbulentas, encontrei meu tino cravado em meu coração, desenhadas nos céus, traçadas pelas constelações, entendo o que preciso, e sei que é determinação, que a cova cuide do que passou, e que meus abraços sejam distribuídos pelo o que almejo, e que ainda não chegou, aguardo, pois sei que passarei por essas águas sombrias que carrego.
Por Luiza