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Casa da mãe Joana

Não precisa pedir para entrar, as portas estão sempre abertas para qualquer um que quiser, nem precisa limpar seus pés, pode passar, aqui não há regras, nenhuma sequer. Seus átrios escuros são feitos de trevas, suas colunas são feitas de engano, seu sorriso esconde seu medo, e sua dor já se vulcanizou. Fique para dormir, vou preparar sua cama, não precisa sair daqui, é a casa da mãe Joana. Pode festar, pode beber, se embriagar até se perder. Não se preocupe com o tempo não há nada que possa fazer, o seu conta gotas é lento e a morte não pode conter. Eu vou ficar por aqui, me senti confortável demais, é tão bom me sentir assim, nem ligarei para os meus ais. Dançarei a noite toda, nem me importarei em dançar na eternidade, meu desejo de hoje é que conta, depois encaro a realidade.

Não conheço mesmo a verdade e nem sei onde encontrá-la quiçá recebesse a liberdade, no entanto sinto-me acorrentada. A libertinagem tem batido em minha porta e eu sempre a convido a entrar, se não posso fazer o que quero a liberdade não me importa o que quero é gandaiar. E assim caminham as consciências, se desfazendo do bem, deixando suas portas abertas e do espírito fazendo desdém. A noite parece ser curta para àqueles que não desejam amanhecer, os pés de agrura em agrura parecem retroceder. Uma casa onde não há regras não se pode confiar, é necessário ter pressa porque a morte não é carta fora do baralho. O coringa da vida foi descartado e não haverá mais sorte, o dia que ele se for saberás o resultado de fazer de sua casa, casa de acolher a morte.

Por Patrícia Campos

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