Uma linha tênue entre a sobriedade e a vacilação onde até o canto de um pássaro longínquo traz a distração, se não cuidar, despenca, cai ao chão, se estraçalha e não haverá cacos suficientes para que haja a reconstrução de um coração. Os sonhos irreais traçam uma meta, traz calos às mãos, cansa os pés, no meio do caminho um suspirar de quem quer chegar, aonde? Não sabe nem de onde veio, e quer ir para onde nunca saberá. Não conhece o caminho que pisa, então sai por ele correndo e nem imagina que é um campo minado, e que a qualquer momento estourará a bomba que a si mesmo armou. A realidade é crua, é nua, e vem vestida de verdade, mas ela dói e cura a alma que não se desvirtua, que não vive no mundo da lua, antes vive no mundo do sol, trazendo abaixo do pé o pó, desatando todo e qualquer nó, porque quer obter a liberdade que lhe foi presenteada, e para isto precisa estar com seus pés firmes. Seria tão bom desejar ser livre, vejo as almas aflitas, buscando amor, mas colhendo feridas, ó almas contritas, porque fostes tão longe? Saístes do caminho real atrás de seus sonhos mortais, e a sua realidade passou a ser triste, de um doente sem limites.
Quiçá pudesse retornar e saísse deste estado o qual ficou tão longe da realidade de uma alma sã. Ficaste como alguém esperando o trem que não vem, aquém, seu olhar de soslaio e um sorriso meia boca, um verdadeiro desdém, olhando a todos e não vendo ninguém, apenas a si mesmo um egocêntrico solitário. A realidade se ausentou porque não lhe deram lugar, ficou olhando de longe na esperança de que alguém lhe desejasse. Mas os espelhos continuam mentindo, e as almas acreditando neles, mantendo a distância entre si e a realidade, e isto parece não ter fim, só terá mesmo quando o fim vier.
Por Patrícia Campos
Tema sugerido por Ítalo Reis