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Chance única

Se eu fosse uma mente consciente não teria passado por tantas andanças perdidas, perdida da vida, sozinha à deriva. O erro era a escolha, uma consciência louca que não se encontrava, no rumo do nada. Choro em silêncio em meus pensamentos, traumas silenciados em gritos de dor, nem despedi-me do amor e ele se foi. Tento me reerguer por tombos que me derrubei, cai, eu sei, levantei e vi que no túnel do tempo havia uma luz lá à frente, que agora depende somente de mim. Não é fácil caminhar com os pés machucados pelo próprio buraco que me enfiei, e ainda se torna mais difícil eu sei, são pedras certeiras que atingem meu eu. As mereço por ter me perdido de mim, um tempo e o fim, isso não pode acabar assim. Um tornado que se tornou tão intenso, me fere por dentro, meu coração tenso por ver que os grãos estão se findando e meus pés afundando nesta areia movediça. Não busco refúgio, mas busco acertar, apenas um braço a me levantar, sair deste impasse, deste lugar, porque aqui não quero ficar. Não há ajuda do lado de fora, somente a que brota no meu coração.

Eu ouço o soletrar da verdade, que maltrata mas trata a minha ferida. Só sei que não tem neste mundo ninguém que possa saber o que passa aqui. Estou tão cansada do peso que coloquei em cima de mim, eu assumo minha culpa e não arrumo desculpas nem as peço, apenas cesso do mal que causei-me. O arrependimento não se resume em aparência, mas na permanência da dor, da vergonha sentida pelas mãos desastrosas. Meu coração aflito, um pouco abatido, um pouco perdido buscando encontrar um ponto de paz. Olho para o lado e não vejo culpado apenas no espelho, eu vejo o réu, mas posso mudar o meu quadro, derrubar esta túnica que cobre as vergonhas da minha nudez, a chance é única e não há desculpas e nem buscar de quem é a culpa, agora só me resta acertar, não haverá outra vez.

Por Patrícia Campos

Tema sugerido por Jeane