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Cheiro do céu

Há coisas que ainda não sabemos como são porque não o conscientizamos, não tomamos conhecimento sobre aquilo, não visualizamos, então não temos a nitidez de como é, mas podemos imaginar como seja através do que sentimos quando falamos sobre. É interessante como as palavras nos levam até elas de uma forma enigmática e abstrata, por exemplo, quando falamos “céu”, esta palavra nos leva a um estado de tranquilidade, de vida, de paz, de harmonia e nunca fomos lá, ela é usada também por expressão quando nos sentimos em êxtase com alguma coisa que nos acontece ou quando algo nos deixa muito feliz. Fui até o céu e voltei, é o tópico de algo que nos deu prazer, mas que não permaneceu naquele estado, porque voltei. A palavra inferno também nos leva ao mais profundo do poço, nos deixando num estado caótico, deplorável, triste e angustiante, isto ocorre quando algo de muito ruim nos sobre cai, e conseguimos atingir o estado mais íngreme da dor, do desprazer. “Me vi no inferno”, isto não significa que você esteve lá, mas que teve a sensação de estar neste lugar devido ao estado que a consciência se encontra. É inevitável sentir as palavras e suas hermenêuticas, elas nos fazem estar em lugares nos quais nunca estivemos, mas que nos transmitem a sensação devido seu significado, é algo impressionante como que nos transpassasse à lugares inatingíveis enquanto estamos ainda neste mundo.

A consciência é tão excepcional que ela tem o poder de mudar seu estado a ponto de sair do inferno e ir ao céu em questão de segundos, tudo depende da forma como ela encara as coisas, é como se caísse, levantasse, sacudisse a poeira e desse a volta por cima. Todos queriam ter a sensação de estar no céu, de saber qual é o seu cheiro, quais cores que o colore, quais paisagens o envolve e o contrário disso não há quem queira saber como é o inferno, porque ele nos remete a escuridão, onde não há vida, nem cor, muito menos amor. É preciso trilhar um caminho para chegar ao céu e obter todas as respostas e sentir de fato este lugar. É um caminho interno de lutas e renúncias, mas que se trilhado pelo entendimento se alcança. Há outro caminho cujo a estrada é espaçosa e não precisa fazer nada, que no final se chega ao nada, um estado vazio e eterno, sem cor, sem cheiro, lugar onde não brota flor, que não se forma inteiro.

Por Patrícia Campos

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