Embriagou-se de estupidez, nos rastros excêntricos do tempo, com as estranhas lembranças da invalidez, que tomara para si no momento que deixou-o ir, poderia voltar para seus braços? Nas vielas de sua vida conheceu suas incertezas, o que era e quem queria, um imaginário aflorado, mas muito curto, raso, e quando percebeu nada mais lhe cabia, o vazio havia preenchido o espaço, o nada já lhe era casa, mesmo ainda vivo, sentia a dor do luto. Dar meia volta era uma opção, voltar onde tudo havia começado, nos contos poéticos, nas risadas sinceras, no choro sereno, na dor amena, voltaria para onde lhe fora apresentado a vida, quando os dias eram calmos, os pássaros afinados, as ondas amigas que traziam a suave sensação da brisa, porém quando lembrava-se do porquê se mantinha ali, paralisava, como um maldito covarde, que se esconde e se debate, mas no fim nunca muda de verdade, preso ao casulo que um dia ruirá, contando os tic-tacs que logo irão cessar, como fugir desta prisão, sendo que ele mesmo escolheu ficar? As correntes tem nome, jeitos e formas, seus cadeados são os ideais que montou, muitas vezes nem correspondem com a realidade, mas não consegue libertar-se de suas fantasias, pobres e ilusórias, tão pequenas e tão sórdidas, escolhas vazias carregam resultados igualmente vazios, sendo imensidão com apenas o nada para preencher, deveria ser leve como pena, mas sua pena é um castigo pesado de se ter. Assim caminha, nestes dias frágeis, como em uma linha fina, com pensamentos nada louváveis, com a faca no bolso e a corda no pescoço, como disse, escolhas vazias atraem apenas vazios e desgostos.
Por Luiza Campos