Conteúdo do Post

Amanhecer de um novo conto

A manhã aquieta meu coração, acaricia minha tez e baila com seus raios pelas sombras, lembra-me da beleza da vida, da sensação mais casta da paz, e mergulho nestas águas que brincam com a luz para entender o que há além delas. Conforme as águas ganham peso, a escuridão desenha seus rastros, mas como um clamor, pois o que é claro não precisa descobrir, mas sim onde não avisto. O meu coração é um livro que ainda não foi lido, não por completo, e como a vida desejará algo desconhecido? Aos poucos, com a força da manhã, reflito os lençóis turbulentos, e assim como soa em meu interno digo em minha alma, eu queria mais de mim, descobrir-me, entender-me, como um corpo nu, da forma mais crua, mesmo que tenha que juntar cada caco e colar cada papel rasgado, expandindo-me e me desfazendo, como me encontrar, mas logo em seguida deixar-me ir, descobrindo as trevas e de imediato se desfazendo com a beleza da luz.

Fiz-me um amanhecer querendo contar uma nova história, distante de tudo o que é dor, novos sorrisos, novos brotos, novos lares, novas cores. Às vezes, o mundo se encontra sem esperança por não deixar que o ponteiro gire, paira no mesmo tom, se desencontra na dança, e a valsa se torna um corpo paralisado, sem passos, sem continuidade, e o que falta na verdade é deixar que a noite se desfaça, que os sonhos pereçam, e que o dia bata a porta. Mas deparo-me agora no início da tarde, onde o amanhecer já se concretizou, e as notas já se completaram, ainda não sei o final da música, mas já entendo seu conto, daqui para frente, deste ponto ao meu abissal, até que não reste dúvidas de que meu peito metamorfoseou para longe de todo o mal.

Por Luiza Campos