Um olhar de soslaio seria o suficiente para o ataque, às vezes morde suave, como que em um disfarce, sem alarde, machuca não só àquele que sofre o golpe, mas principalmente àquele que tem a ação. É intrigante como a fúria transpira o medo, quem a têm tem receio de si mesmo, falta domínio falta um tempo de respirar fundo para não morder até o vento. Não há acomodação pelo que incomoda, um incômodo contínuo pela mão que traz a dor, sentimento vazio, uma sombra do frio, na espinha um calafrio.
O que arguir diante um fato sem explicação? O auto domínio é algo que precisa ser trabalhado, não é fácil, mas necessário para que se sinta leve. Isto requer tempo porque é fácil corrigir aquilo que não lhe pertence, a ligação em sentimentos torpes nos traz tristeza mesmo quando no inconsciente, porque por vezes nem sabemos que somos ligados a tais sentimentos e mesmo assim vivemos, ou melhor sobrevivemos ultrapassando a ética básica por falta de nos conhecermos. É preciso se desprender daquilo que nos faz mal, senão se é apenas um mero mortal, que não tem o poder de transformar-se e de fato evoluir. É preciso percepção para mudar a direção e mirar o bem, o bem de si mesmo e não sair a deriva mordendo até o vento que sopra fechando-lhe a única porta para sair e encontrar-se com a sua liberdade e quiçá ser feliz de verdade.
Patrícia Campos
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