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Nas andanças onde não se andou

Ao perceber à própria existência não soube lidar com a situação, pensou e não se viu como consciência, pensou e não se viu como produto da criação. É estranho reconhecer-se, espelhar o espelho, um espaço a perceber, e não dar voz ao próprio conselho, não se adentrar, não se enxergar, não ter tempo para se encontrar. Nas andanças desta vida não se andou, caminhou, caminhou e em nenhum lugar se achou. Um peixe fora da água dentro do seu aquário, um quadrado sem lado, mais um soldado fardado, solitário sem saber por quem lutar. Os pés que trafegam numa estrada escura, a boca em secura, o fel que borbulha no coração enquanto amargura. Onde encontrar a direção, qual é a bússola do coração? O que fazer para acalmar a alma enquanto ela chora? Quiçá as águas salgadas possam amenizar seus anseios, correr de um lado para outro deixa a alma em devaneio.

E nas andanças desta vida continua sem andar, parada, estagnada e aflita, não há como metaforar, porque a tristeza consome e o engano se expande a estrada é ainda mais longa quando se caminha ao contrário dela. Centralize seus pés, para que seus passos se tornem leves, olhe para o cata-vento, ele ensinará a direção, os ventos do sul refrescam a alma e nos mostram por onde seguir. Mesmo que a linguagem seja discreta, nossos olhos é quem devem observar cada detalhe e nossos ouvidos a cada letra ditada, porque temos que nos colocar do nosso lado para que possamos dar o primeiro passo e não ficarmos nas andanças desta vida vagando como almas perdidas.

Por Patrícia Campos