Um espelho e seu poder, o poder de manifestar, uma poesia retratando a vida, é o seu poder em metaforar. Vejo semblantes caídos, assim como seus pés, imutáveis, um caminho perdido, e suas mãos refutáveis, não que queiram que seja assim, mas estranhamente assim que é, uma força gravitacional que me empurra deixando-me menor do que já sou. Caminho numa esteira, almejo o horizonte, o tapete vermelho que não refreia, o orgulho que se esconde. Vez em quando me sinto uma super-heroína, desejando realizar o bem, só que o pó é a kriptonita, que me faz sentir refém. Conheço minha liberdade, sei onde encontrá-la, nos escombros da verdade minhas asas são desenhadas. Aguardo sem saber o que, meu quadro, tento reverter. Um prognóstico delicado, uma sugestão derrubada, doses da sabedoria em recado, pela boca do céu anunciada. Não me contento, me contendo, sem me conter, busco meu renascer. Como? É o poder de perder, sem poder se perder. Não se perde o que não faz questão, mas se perde o coração, se ficar preso, a não ser que se prenda a liberdade. Quem é sábio o bastante para passar pelo processo sem retroceder? Há de ceder para vencer, ganhar às vezes é sinônimo de perder, ganhar a vida é perder o que julga ser a vida, mas que não é, porque a vida é do espírito e só ganha aquele que o retém na alma.
Por Patrícia Campos