As águas trazem tantas coisas distintas, quando tempestade traz o tempo do silêncio e da solitude, traz também a reflexão, a tentativa do domínio próprio, a perspectiva de dias melhores. A garoa que cai sobre a face traz refresco à alma, seu toque nos ensina o quanto devemos ser leves, o quanto podemos nos igualar a ela. Os rios de águas doces nem sempre adoçam porque as águas doces são as águas da verdade, as quais por vezes, mesmo sendo doce ao paladar, desce amargo feito féu, mas cura o âmago da alma. As águas são necessárias independentemente de como veem e sua reposição é fundamental. As águas nos trazem a sabedoria como as folhas que trafegam por toda sua extensão, a sabedoria levita sobre as águas tranquilas, e quando há compreensão ela escorre feito mar pelas janelas da alma. Vez em quando escorre pela dor, salga a tez e deixa triste o coração.
As águas sempre me trazem algo, de doses em doses aprendo a conviver comigo mesma e vejo o quanto preciso crescer no amor. A chuva é sempre bem vinda mesmo que me ensope porque preciso me enxarcar, tomar-me uma com a água para que possa me sentir limpa e não me deixar afogar pelas angústias deste mundo. Este mundo é um mar de ilusão e suas águas só trazem tormentos, são águas sujas que inundam às almas transtornando-as, deixando-as num estado de calamidade. Mas a chuva serôdia renova a alma, lhe trazendo um amanhã que reflete a luz perpétua.
Patrícia Campos