Queria falar da vida, mas bem, quem liga? Tola, inconsequente, ruína. Queria falar sobre sabedoria, mas bem, quem se importa? Somos animais a caminho do matadouro, incomparáveis, mesmo racionais, tão fúteis e rasos, e bem, quem liga em um mundo onde todos vivem conectados? Teclam suas misérias, como derramam seus vazios, lutam pelo pão comendo migalhas, sociedade infeliz e tão falha, correm atrás do trono, mas apenas ganham nada, e bem, para os céus que cobrem suas cabeças, e para o oceano que não ultrapassam as barreiras, para o universo que nos cerca, para a beleza que nos molda, para a perfeita sincronia das órbitas, para a vida que pulsa o peito, para o desejo de quem nos criou e tudo isto moldou, quem liga?
Há de ligar? Seria mesmo necessário se importar? Acredito, em meus pensamentos, que sim, mas são todos tão aéreos que daqui alguns segundos já não têm tanta certeza de suas respostas e convicções, horas sim, horas não, mas no fim, a verdade sempre aparecerá para o coração. Não importa por onde começa, qual caminho traçou, qual história quis contar, o fim para aqueles que não ouviram as ordens dos anjos não viverá pela eternidade, mas terão o sentimento da morte de eternidade a eternidade, sem tempo ou dias, apenas nada e vazios, cobrindo suas írises inexistentes, e suas mãos que nada agarram, e neste mesmo fim, será mesmo que se questionará o que sempre questionou? “Quem liga”? Na ponta da língua, mas nos vales da alma, afundaram-se em desejos e importaram-se demais com as ruínas.
Por Luiza campos
Tema por Regis