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Compassivo

Compadeci-me pelos doentes, mas percebi que têm a cura nas mãos, compadeci-me de muita gente, e de gente em gente percebi que não tinham bom coração, entristeci-me pelos espinhos em seus caules, porém percebi que foram suas escolhas que refletiram em suas dores. Seguem desta forma, em um looping, mas tão finito quanto seus dias, que amanhecem, anoitecem e reiniciam. Compadeço, mas empalidecem, cada vez mais perto do fim, mais próximos da foice. As gotas caem e queimam o solo, caminho salgado de fel e angústias, rasga a pele e cala a alma, obstrui a visão, apaga a alva e alimenta a escuridão.

Na verdade, a pena não se sente, ela se dá, no dia final verá a mágoa que transbordou, deixou seu fardo carregar os céus, e não percebeu que a tempestade foi você mesmo quem armou. Deixaremos muitas bagagens para trás, e é melhor assim, seguir leve, sem culpa, sem tantos sentimentos, ser compassivo é bom, mas deve ter cautela para que não se afogue em compaixão, as histórias são escritas pelas escolhas tomadas de cada indivíduo, às vezes aperta o peito, mas quem escolheu o precipício foi o próprio sujeito, a fala embarga e os olhos marejam, entretanto, o que pode ser feito? Pode ter saído de seu ventre, trocado promessas no altar ou compartilhado guerras lado a lado, mas se os passos escolherem o pecado não há mais nada a fazer, a não ser continuar andando, sem olhar para trás e deixar que o amanhã faça sua parte.

Por Luiza

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