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Uma nota só

Solidificou-se, sozinho, sem sol, petrificou-se em uma nota só, vive muito, mas nada conta, o mesmo ponto, a mesma dança. Nasce mais um alvorecer, mas nada vem a florescer, as mesmas histórias para sorrir, as mesmas histórias para viver, nada terno que se eternize, nada finito que se finde, apenas guarda relicário como se fosse jóia, vive por si mesmo e não busca outra trajetória. Um ciclo mal posicionado, passa sempre no mesmo estado, encontra-se vazio, oco, raso, pois é um compositor que compôs errado, neste solo sem emoção, porque tudo é esperado, a partir do momento que se passaram anos, e continua paralisado. Não tem a si mesmo e não tem a vida, canta samba de uma nota só, mas com muita arritmia, perdeu-se nos dós, e nunca mais se encontrou viva, tornou-se alma presa ao pó, ao que se finda, e sua eternidade contarão os nós que não desatou ainda.

Viver é falho se não vive, deprimente, deprime o tom contente, se esvai em cores frias, e se colore com muita dor e ruína, não se encontra, pois não se conhece, poderia ver-se de frente, e passaria reto, nunca refletiu seu eu, sempre esteve ausente, deixou-se a deriva no breu, nos vales de sua mente. E quando a música ruir, não sobrarão mais inspirações, nem mesmo uma única nota para compor suas canções, e agora será música silenciosa, menos que nada, tendo apenas quem sempre rejeitou, a si mesmo e sua dor.

Por Luiza