Um laço pintado nos céus, une as partes e rasga o véu, transborda o que preenche a alma, jorra como fonte viva, a qualquer momento, a todo instante, escorre, completa, satisfaz, com sua luz e sabedoria, livre, livre como os pássaros, e o peito vivo, vivendo junto ao que é vivo, belo e infinito. Elo que se banha em simetria, juras por uma eternidade com vida, casamento que nunca conhecerá a ruína, cravados em areia que não se finda, que carrega o mar com a mais perfeita calmaria, neste vai e vem que é viver, nesta luta constante até vir a nascer, longe deste caos, nos braços do cais, pois metamorfoseou, transformou-se em borboleta, nunca mais conhecerá o solo frio, mas apenas o azul tocará suas asas, a brisa fresca sua tez, e quando ver-se não reconhecerá, por alguns instantes, o brio em sua face, a liberdade em seus olhos, a determinação em seus passos e a coragem em sua lâmina, e tudo por ter aberto as portas para o celeste, por ter se tornado alma e abrigado a vida.
A felicidade brincando no campo, o solo fértil sorrindo com as pétalas, desabrochando, brotando cor, colhendo paz, vivendo, aprendendo a viver de verdade, guiada pela voz dos anjos, pelo caminho traçado muito antes de sequer imaginar, de pensar em existir, tudo já estava aqui, esperando, aguardando e preparando seu porvir, nossa parte é deixar as mãos artesãs moldarem nosso coração, derrubar e construir, uma nova história, novo tom, outra canção, nossa parte é abrir as portas de casa, deixar que o espírito entre e conheça cada parte, cada canto, cada laço, nossa parte é nos entregarmos ao precipício e deixar que o céu nos guie neste novo ciclo, que molde nossas asas para não cairmos, e nos segure quando parecer que não haverá saída deste círculo, nossa parte é apenas aguardar, mas para isso precisamos nos entregarmos, nos entregarmos a tudo isto e mais um pouco de nós, não à deriva, mas velejando nas escolhas vivas, essa é nossa parte, para fazermos parte da vida.
Por Luiza
Tema sugerido por Arthur