A noite e o dia se alinharam, abraçaram o mar que a tão pouco estava furioso, as águas se acalmaram quando assentou cada astro em sua órbita, quando afinou seu instrumento, aquietou seu coração e acolheu o entendimento. As profundezas se elevaram, e dessa vez pôde ir mais fundo, até alcançar o inimaginável, seu eu mais cru, a sua história em relicário, mantendo o compromisso com a verdade, mas quem nadaria até o fundo? A maré está alta, o sol a tocou, quem diria que traz tanta leveza, alcançar ao Senhor, ondas suaves, um dia liberto, mergulha nos sons das aves, e nas vozes que cantam por perto, a loucura que lhe perseguia ficou na beira, e tudo o que era laço forte, tornou-se poeira, o vento os levaram para longe, e permitiu que escorresse em paz sua areia.
Mesmo que o tempo toque sua carne, não amedronta mais seu coração, coloriu as águas eternas com degradê infinito, o céu uniu-se ao oceano em enlaces benquistos, as nuvens reluziram nas águas, e valsaram ao som dos passarinhos, o solo agradeceu a chuva que acariciou seu caminho. Belo, quão belo és, a sensação de estar e ser quem é, vestir o linho celeste, que cobre o peito e adorna a fé, pois alta e profunda está a maré, em conformidade com a estrela que rege o mundo, dança com a palavra, lumia a escuridão, tudo pode transformar se abrires o coração, elevar sua tenda e ampliar sua visão, enxergando o horizonte que se expande, se completa e lhe preenche. Viver, vivendo sempre em grandeza, transborda a vida que lhe rodeia, ao lado do anjo celestial, ao lado do Eu Sou, é vivo e vive nas asas do Senhor.
Por Luiza Campos
Tema sugerido por Jeane