Tez lânguida, mas seus passos são suaves, esboça sorriso com caminhos molhados, dança sem fim que aprisiona quem a começa, às vezes se esquece e perde o compasso, nestes laços vazios que empobrecem os traços, quem deixaria as máscaras caírem quando já se esqueceu de quem é? Imerso em camadas tão vazias, mas tão pesadas, não vê mais reflexo, o que tem é bem pouco de si, talvez quando uma lágrima escorre e se acomoda no carpete, é quando reconhece que suas verdadeiras emoções estão transbordando, como um copo que sempre está meio vazio, mas em algum momento parece estar preenchido por sentimentos vis.
Um bailar pela multidão, de olhos fechados, assemelha-se a um belo castelo, mas ao abrir se encontra na prisão, quem sabe o que sente? Não se conhece e nem mesmo quem valsa ao seu redor, um baile de máscaras, um solo assombroso, com tanto pano, mas se sentindo nu, no centro das angústias, com um riso cru, maquia a fala e embarga a mente, rastejando-se pelas ondas sonoras, oras boas, oras mortas, se esconde, se esquece, se demora, em músicas lúdicas que lhe toma e engoda. Bailando na tempestade de ser quem é, com medo e angústia, mas sempre em pé, como dizer que um dia se perderá no oceano e se afogará na maré? A esperança alimentada com migalhas, de esboço a esboço um tolo com falhas, uma alegria faminta não se sustenta com lágrimas, mas dia após dia sorri como se não houvessem lástimas, e assim continua nesta valsa, neste baile de máscaras.
Por Luiza Campos
Tema sugerido por Lucinha