Quando o coração não consegue segurar o universo, ele transborda nos riachos do corpo, nos caminhos dos olhos, nos cantos dos lábios, em um grito desesperado ou no canto singelo, quando o coração não sabe o que fazer com o que não lhe cabe mais, escorrega por suas verdades muitas vezes contidas, sendo neste momento que o espelho desenha o que acontece em seu invisível. A beleza do sentimento contorna o desabrochar do girassol, quando a alegria vem em tsunami, invadindo todo espaço que há, preenche as brechas que lhe incomodam, e os olhos da vida colorem um pouco mais sua tez, mas quando feio se torna o que lhe rodeia, o girassol perde o sol, transformando-se em espinhos, o caule dá lugar a presas, que não confiam, não colorem, não afagam, mas machucam. Em noites estreladas que me acompanharam, já transbordei infinitos sentimentos que não me cabiam, são nelas que aos poucos vou me desvendando, como o peregrino desvenda o mundo, cantos gélidos e vozes suaves, toda parte, todo lado, uma lágrima, um sorriso, a verdade que me tem, que sou, sentindo-me pequenina, mesmo sabendo que meus olhos podem abrigar o infinito.
A realidade é que sempre tivemos o céu conosco, e as dores que encontramos foram alimentadas por nossas próprias mãos, fortificando a fera que um dia vai vir e assolar a imensidão, é preciso adentrar oceano para entender natureza coração, emoções bagunçadas trazem passos incertos, é belo sentir, mas se perder nos sentimentos é vazio. Encontrar domínio de mim, nos braços que descem das nuvens, o vento do norte corrompe e amarga o fim, trazendo o gosto amarescente do ferrugem, é preciso muito mais determinação do que poucos atos de coragem, o caminho trilhamos todo dia, pois para pular do precipício, primeiro é necessário trilhar até o pico. O que sinto vem de minh’alma, transpassa carne e toca minha vastidão, quem sabe descrever as águas que vêm do coração?
Por Luiza Campos
Tema sugerido por Jeane